Domínio: Nibi.

Sempre que sonhava aquilo me atormentava. Era uma criatura gigantesca com genes similares aos de um felino que ateava fogo por onde passava e eu estava sempre sozinho, não conseguia correr, não conseguia me livrar. Acordava suado, mesmo que não estivesse fazendo muito calor. Era algo que eu não podia mais evitar, por tanto, decidi enfrentar. Eu sabia que convivia com uma besta, mas nunca tive consciência da aparência dela, até então. Aquilo mudaria naquele dia.

Até que chegou de tarde eu fui até um lugar calmo, onde eu poderia tocar as nuvens e não ouvir nenhum pássaro. Uma montanha bem alta e íngreme, porém acessível. Talvez fosse a situação ideal para falar com o monstro, porque estava calmo e tranquilo. Era uma espécie de meditação, mas pelo que ouvira dizer, isso era necessário para manter um contato. Simplesmente apaguei algumas horas depois de ter começado. Na minha mente, onde eu imaginava estar, era tudo escuro, eu não conseguia ver nada. Alguns pequenos focos de luz podiam ser vistos em certo canto. Quando levantei tentei caminhar, mas fui parado por uma parede, na minha frente, que não pude ver. Usei as mãos para me orientar e até consegui ver uma porta. Era do lado contrário da luz, mas eu preferi seguir este caminho, por um motivo desconhecido.

Quando abri eu pude ver a luz. Era estranho pois quando estava do outro lado eu não vi a luz pelas dobras da porta e isso me assustou. Era um corredor bem largo e extenso. Caminhei, com um certo receio, até o outro lado. Foi rápido. Tinha uma outra porta ali. Hesitei por um instante e logo a abri. Me vi caindo repentinamente e assustado, era um poço e pelo tempo que fiquei caindo, era bem profundo. A porta se fechou e então não pude ver o lugar de onde vim, só ia caindo, sem saber pra onde iria. Meu corpo afundou na água que tinha no final, era bem gelada. Me recompus e comecei a nadar até encontrar algo. Não parecia ter paredes lá em baixo, isso significava que não era mais um poço. Subi na superfície meio que encontrei, deduzi ser areia. As surpresas não paravam de vir. Continuei a andar, e a medida que ia, eu conseguia ver uma brilhante luz ao final. Era um fogo meio azul, meio roxo, mas eu sabia que era fogo porque se mexia constantemente, imitando chamas ardentes de um fogão. Não tinha razão para voltar então prossegui.

Quem é você? A voz ecoou por todo o local, me assustando e também me obrigando a recuar. O fogo se movia novamente, e quando chegou bem perto, eu pude ver. Era um monstro, tinha vários metros de altura e seus olhos tinham cores distintas. Um verde esmeralda e um amarelo escaldante. Um gato? Suas duas caudas se moviam lentamente, mas o fogo estava até nelas. Todo o corpo do animal estava envolto em chamas, e eu não sabia como isso era possível, até ele explicar o porquê. Meu nome é Matatabi, quem é você invasor? Assustado, novamente. Tentei responder, mas apenas consegui gaguejar. Não pode ser.. o hospedeiro. Um fracote como você.. Hospedeiro? De fato este era o monstro que abrigava pelas minhas entranhas. Um bijuu, como haviam me notificado. Dizem que há uma extensão de poder infinita, mas eu nunca recebi nenhuma parte dele, por isto duvidava. V-você pode me chamar de Flare, disse. Ele riu e sorriu. A pata foi tão rápida ao se mover para cima, que mal pude vê-la descer. Acertou em cheio em mim, e doeu. Não queimou, mas doeu. Ao que tudo indicava, ele queria lutar, e isso não ficaria por assim mesmo.

- Ao invés de lutarmos, por que não fazemos um acordo? Se me matar, não adiantará, outro tomará meu lugar. Ao invés disto, por que não me deixa ser o mais forte ao seu lado? Você pode conhecer os meus feitos, mas ainda não sabe do que eu sou capaz! Fitei-o. As palavras que saíam da minha boca eram fortes e sinceras, isso talvez tivesse comovido ele, mas ele riu. Você terá que me provar então.. não me decepcione, eu posso te matar em um instante, moleque! Ela se pronunciou. Isso me assustou, mas já era de se esperar. Acordei e senti um pequeno incômodo na barriga, e então logo saí andando. Estava meio tonto, mas era só descansar que me recuperaria. Já era quase noite. Eu podia ouvi-lo na minha mente, e com certeza ele não parava de rir.