Tartaruga

O amanhecer. Olhei pela janela de minha casa e pude vê-lo, os raios solares batiam em minha porta, implorando para poder entrar, lembrava-me do sonho que eu havia tido. A sombra, ela dizia ser eu, minhas ambições e vontades, meus sentimentos e até mesmo meu próprio coração, tsc. Não parece tão importante, mas vou conta-lo em poucas palavras.

Havia aquela sombra, ela tinha a aparência assustadora de alguma espécie de monstro marinho, um Leviatã talvez, suas três caudas balançavam naquele simples espaço branco, coberto em névoa obscura e fria, ahn, frio. Eu olhava fixamente para o monstro, talvez quisesse que eu demonstrasse pavor ou insegurança, claramente sem sucesso e por sua expressão, ele não estava muito feliz com esse placar, tanto que seu rosnado mortífero já mostrava seu ódio por mim. Eu corria, e corria, e corria, parecia que não havia escapatória alguma para aquilo, vagando eternamente em um espaço sem vida enquanto uma coisa me perseguia, ainda bem que sempre há luz no fim do túnel, ou não. No fim de tudo, eu era envolto em uma espécie de energia de cor azul, era densa, e transmitia por algum motivo, a calmaria do oceano e também sua fúria.

Depois disto eu acordei, a casa estava uma tremenda bagunça e eu estava suando em excesso por causa do pesadelo, fui até a cozinha e peguei um copo de bebida, o engolindo com uma única virada e logo suspirei, meu corpo ainda estava tenso por causa daquele estranho sonho. Não podia fazer nada a não ser ir descansar, peguei um cantil com álcool e sai as pressas da residência, minhas roupas ainda estavam molhadas por conta do suor, mas eu simplesmente dei aos ombros. Fui andando pela vila, parecia que eu havia acordado cedo demais, mas isso era bom, pois eu podia caminhar e pensar no que eu havia visto naquela noite, um monstro do mar com milhares de caudas, não tantas, mas tinha mais de uma, enfim, o que ele queria? Eu não podia ver seu rosto completamente por conta da névoa, mas tinha certeza que ele tinha quatro patas mas mesmo assim, porque tinha interesse em mim? Não era bom em interpretar sonhos, mas podia ter certeza de que se um leviatã estava interessado em você, sua história não era lá das melhores, até que me veio a mente, a biblioteca da Vila da Areia podia me dar algumas respostas, tantos livros podiam dizer algo sobre aquilo.

Eram muitos livros. Cara, eu devo ter passado uma boa parte do meu tempo ali, a garota que cuidava do balcão dizia que "Livros sobre feras com mais de uma cauda estavam na última fileira da esquerda" mas isso não parecia me ajudar muito, eram coisas como Hidras e coisas de Mitologia Grega, não constava nada sobre monstros marinhos comedores de pessoas que lhe cobriam com energia do mal e essas coisas. Finalmente um que parecia do meu interesse, ele tinha alguns símbolos escrotos na capa e seu titulo era estranho, algo como "As Nove Bestas de Chakra" ou "Nove Bestas do Apocalipse" e coisas que eram bizarras apenas por olhar, fui lendo cada página, a cada palavra que eu lia, parecia que um abismo se abriria no livro e me engoliria, não me dando chance de escapar, era como se minha mente estivesse entrando em uma caverna que não tivesse saída, nem entrada. A palavra "Isobu" me lembrava algo, o livro citava ser a Besta de Três Caudas, um dos 9 Bijuus que foram separados da criatura mais temível, que nem mesmo o Sennin dos Seis Caminhos foi capaz de conter, quase me engasguei ao ver a próxima página, os traços, a face, até mesmo a cor e aparência diabólica, estava tudo ali.

Eu havia visto o Sanbi no Kappa.

Ah, tá, não era nada demais. Eu havia visto uma das criaturas que quase todo mundo tinha medo em meus sonhos, claro, muito comum. Não pude me conter em abrir o cantil e bebericar o álcool, seu sabor amargo fazia eu sentir pancadas em minha cabeça, tentando me afastar da realidade e da possibilidade de ter quaisquer ligação com o monstro de três caudas. Estava quase escurecendo, naqueles dias era recomendado se situar em suas casas por conta da possibilidade de tempestades de areias, areia iria me ajudar muito naquela hora. Me tranquei em casa e me joguei na cama, torcendo para que quando eu acordasse, tudo aquilo não tivesse sido imaginação minha, demorei para pegar no sono, fiquei olhando o teto do meu quarto por horas, até que contra minha vontade, fui obrigado a fechar os olhos. E aqui estamos. Cara a cara com a fera, não havia mais qualquer névoa e eu tive a exclusividade de ver o rosto da Bijuu dos mares sem ninguém me interromper, metade de seu rosto era coberto por uma espécie de carapaça verde, ele tinha retoques de verde e vermelho, e seu olho direito não parecia existir, ou talvez estava coberto por sua armadura natural. Sim, talvez você ache que eu já devesse ter atacado, mas não, aquele único olho não permitia isso, ele transmitia algo que simplesmente me impedia de prosseguir com quaisquer movimento, pela primeira vez sentia aquele sentimento, medo. Eu o encarava por mais alguns segundos, petrificado como uma estátua, até que as suas próprias palavras cortaram o silêncio do local.
- Então, você vêm aqui em meus aposentos e nem ao menos faz uma reverência ao dono da casa, que belo hospede. As palavras da fera faziam meu esqueleto tremer, não podia argumentar contra quando meu corpo abaixava-se perante a fera, reverenciando-o, parecia que eu não tinha mais o controle de meu corpo. Me senti enojado, um ser como aquele me dando ordens daquele jeito, era inaceitável! Um novo silêncio ecoava enquanto meus pensamentos escapavam de minha cabeça, parecia que naquele local, não havia privacidade, meus pensamentos não eram restritos apenas para mim, eu apenas gargalhei, ri descontroladamente de frente para aquilo, sim, talvez eu estava louco. Sua cara parecia demonstrar confusão, eu não o culpava, até eu estava confuso, mas as risadas não paravam, até que minhas palavras cortavam os sorrisos.
- Sabe, sempre me disseram que minha visão era ótima, mas cá entre nós, acredito que você não tenha uma visão 20/20 digo. Eu estava surpreso, na situação que me encontrava, eu havia encontrado força para enfrentar o monstro, e também havia feito uma piada de oftalmologistas com ele.

Não preciso dizer que, bem, ele não havia achado graça, uma de suas caudas partira até mim tão rápido, que se não fosse por meus instintos velozes, a luta já estaria acabada para mim. O campo não estava à meu favor, a água era o território dele e não meu, eu precisava pensar em algum tipo de estratégia o mais rápido possível. Meus olhos tornavam-se vermelhos, o fabuloso Sharingan estava em meus olhos, eles seriam minha arma para derrotar aquela criatura. Eu não tinha quaisquer arma que pudesse usar, apenas me restava os jutsus, então tudo bem, saltei para o ar e executei diversos selos, o chakra moldava-se em meu estômago no formato de uma pequena labareda que fora expelida no formato de uma enorme esfera que se chocava contra a tartaruga, talvez não fosse inteligente usar fogo contra água, mas era uma de minhas únicas chances. O cheiro de pólvora era horrível, mesmo assim, pude ver que o Três Caudas ainda tinha força para lutar, sua enorme boca acumulava uma esfera que crescia mais a cada segundo, até formar uma bola d'água deveras maior que a que eu acabara de usar, e disparava contra mim, não posso negar que a velocidade era incrível, o impacto me jogava a metros de distância, se eu não tivesse jogado meu corpo para o lado, os danos seriam muito maiores que aquilo. De dentro da água, clones saiam aos montes, todos disparando as mesmas esferas de fogo em direção ao Bijuu, ele urrava de dor, suas caudas mexiam para todos os lados, no intuito de se livrar das réplicas que o incendiavam. Sua boca se abria novamente, ele se submergia rapidamente para dentro do mar até suas caudas sumirem de vista, me vi obrigado a parar e analisar o campo, nada. Ele havia desistido? Havia notado que eu era superior, não, eu estava iludido e abandonei tais esperanças quando olhei para baixo, e vi um enorme brilho um pouco mais a minha frente, uma explosão de chakra emergia dali, era um azul profundo e denso, exterminando tudo que se encontrava em seu caminho. Eu corri, me lembrei do meu sonho, no momento em que eu tentava escapar do Sanbi, o disparo não parava de investir contra mim, mas me veio a cabeça usar "aquilo". Uma enorme bola de fogo retorcida foi atirada contra a criatura, seu rosto queimou e fumaçou. Pulei em sua cabeça e apenas pude ouvir um "você venceu, tome meu poder", não sabia muito bem o que era, mas quando vi a aura azulada adentrar em meu corpo, nada disse, olhei tudo ao meu redor se esvair em uma grande luz.

Ap.