Aquela noite com certeza estava sendo uma merda. A lua curva iluminava o quarto quando seu brilho prateado entrava pela janela. Meu corpo entregue aos saquês ingeridos na noite anterior, indicavam que não estava preparado para o álcool, deveria voltar aos chás. Cenas do passado invadindo meu cérebro e me deixando em um estado nostálgico. O sabor amargo em meus lábios indicavam que, mais uma vez, foi uma noite de pesadelos.
O relógio cricrilou. O barulho, quase que surdo, foi o bastante para desencadear uma tremenda dor de cabeça. Esmurrei o objeto barulhento e ele parou de gritar, mas foi por pouco tempo. Entretanto, quando o maldito despertador resolveu fazer seu show novamente, atirei-o contra a parede e ele quebrou-se em três ou quatro partes, fazendo um barulho que soou como músicas em meus ouvidos.
Por fim eu consegui levantar; caminhei até o banheiro e tomei um banho frio. Em seguida já estava melhor. Comi alguma coisa e logo saí de casa.
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Caminhei com passos largos pelas ruelas de Konoha. Encontrei alguns ex-colegas de academia e seguimos juntos para o local onde éramos designados para as missões.
Entramos na sala e os responsáveis pelas missões foram designando-nos para cada uma delas, até que ouvi chamarem meu nome e logo me mandaram limpar um Dojo no lado mais afastado da vila.
Relutantemente, aceitei, mas com certeza não estava feliz em seguir àquelas ordens. E por fim saí do lugar.
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E novamente me encaminhava por entre as ruas da aldeia da folha, mas desta vez sozinho. Carregava comigo algumas poucas kunais, e alguns outros objetos supérfluos, dentre eles um cantil de água potável. Digamos que minha ressaca exigia isso.
Enfim consegui alcançar o local de treinamento. O velho Genko estava sentado sobre as pernas quando cheguei ao seu encontro. Segurava uma taça de chá e alguns biscoitos. Ele sorriu logo que cheguei. Foi educado e até me convidou para tomar chá, contudo, estava ali para cumprir minha missão e como sempre ouvi dizer,
antes de tudo o dever.
Encontrei uma vassoura, um balde médio, dois panos e uma lata de cera pastosa incolor.
Primeiramente, varri o dojo inteiro; dos fundos, até a porta. Depois disso, enchi o balde com água limpa. Encharquei um dos panos com água e logo torci. Passei o pano pelo chão inteiro. Determinado em retirar todos os resíduos de sujeiras possíveis.
Confesso, passar cera foi a pior parte. Ajoelhei-me e comecei a esfregar a substancia com movimento circulares. Poucos minutos se passaram e eu já não seguia uma ordem, apenas esfregava de um lado para o outro.
Tive muita dificuldade em me manter focado na missão. Olhos focados na cera, no pano e no chão respeitado. Ouvi passos, o velho sabido me observava e até tentava conversar, mas isso não era minha
praia, então apenas respondia com poucas palavras, e, as vezes, apenas com ruídos.
Por fim o piso estava encerado, mas ainda não estava da melhor forma.
Procurei novamente o velho sábio e pedi a ele alguma peça de roupa feita de lã. Ele entregou-me um velho e felpudo cachecol e com este mesmo acessório eu lustrei o Dojo inteiro, deixando-o quase um espelho. Se não fosse loucura, eu diria que poderiam até lambê-lo.
Ao fim da manhã, eu pude sentir o cheiro de lámen. Quando estava do lado de fora, o velho encontrava-se sentado à mesa com duas tigelas do alimento em questão. Ele assentiu e convidou-me para comer. Geralmente eu recusaria, mas o odor e a aparência eram demais para um garoto de doze anos que não tomara café da manhã.
E no final, passei a tarde toda conversando com o mestre Genko, e, diferente do que as pessoas falava, ele era uma pessoa legal.