Gennin - O Terceiro Trovão

O vazio das nuvens de Kumogakure o cativava, o velho ancião que por sua vida presenciou batalhas nas quais poucos sairiam vivos, jovens o reverenciariam por seus últimos anos de vida pelas lutas na qual travou. O passado o assombrava cada noite, talvez almas que de seu descanso momentaneamente se esqueciam pelo simples prazer de tortura-lo por suas ações, a punição divina, talvez? Com as mãos grandes e já abatidas o esquecido guerreiro alinhava os fios de sua pálida barba, enquanto o chá quente recém-feito soltava vapor na pequena xícara que lhe fora derramado, mesmo com os anormais membros, o ancião conseguia facilmente beber o chá, saboreando a bebida com gosto.

Suas vestimentas pareciam abatidas, o negro kimono que revestia parcialmente seu corpo estava claramente degastado, talvez por seu grande tempo sem higiene. O senhor nada reclamava quanto isto, as vestimentas caíam como uma luva, sempre o confortando depois de grandes matanças naquelas águas passadas, o velhote manjava das coisas. - Já está na hora... - calmamente exclamou diante do grande penhasco que tomava seu café da manhã, erguendo sua bengala contra o céu. Suspirou, vestindo seu haori branco, com o kanji do Relâmpago marcado na superfície do tecido e caminhava até o local, apoiando-se na bengala que carregava.

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Seus olhos abatidos o faziam repensar, suas escolhas passadas na qual o levaram para aquele momento, aquele angustiante momento de espera com esperança de recobrar seu verdadeiro destino, dissipado como um reflexo na água. Minutos e minutos de aguardo nada fizeram ao ancião, seus longos dias e curtas noites geraram um forte elo de paciência em sua cabeça, sua infantilidade das eras passadas já não existia, de modo que a personalidade do velho não passava da de um velho sábio com tendências filosóficas e uma vida solitária, apenas inerte em observação constante. Talvez naquele dia isto mudaria. Não demorou muito para que uma entidade misteriosa aparecesse, revelando-se como um avaliador designado para seu teste. O ancião ficara deverás desapontado, vendo que o suposto avaliador era consideravelmente mais jovem que o mesmo e seu perfil, apesar de semelhante, não batia com o esperado. Talvez o Trovão Negro estivesse ocupado com algo.

O haori branco voava aos céus com um único movimento, ainda sentado com a bengala de madeira em mãos, o velho levantou-se e abriu seus olhos repleto de rugas, e com um sorriso, começou seu ataque. Num piscar de olhos, a bengala em sua mão fora arremessada com tremenda força em direção ao rosto do avaliador, quase que simultaneamente, o velhote proferia um salto com suas pernas grossas e musculosas, emergindo aos céus. Com o auxílio da luz do Sol, o ancião visaria cair precisamente atrás daquele garoto e, com seus braços fortes, acerta-lo com um pescotapa. Ainda não satisfeito, o Terceiro Trovão flexionava os joelhos e ferozmente avançava, no intuito de agarrar a face do avaliador e então esmaga-la contra o chão.

Parecia saudável como um touro, não acreditando em sua própria saúde, o ancião agarrava uma pequena pedra e a esmagava com as mãos, não parecia um feito tão grandioso, mas revitalizava o senhor de idade.

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